quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Com frota menor, Brasil mata mais que EUA no trânsito


LUIZ FLÁVIO GOMES*
Fábio Soares**
A maneira mais eficaz de mensurar o quão violento é o trânsito de um país é relacionar o seu número de mortes com o tamanho da frota de veículos. Assim, ao comparar estatísticas de Brasil e Estados Unidos, fica simples entender como estamos atrasados nessa área.
Com 250 milhões de veículos, a maior frota do mundo, os EUA registraram 37.261 óbitos causados por acidentes em 2008, segundo a National Highway Traffic Safety Administration. Em território nacional, de acordo com o Ministério da Saúde, houve 5,5% mais mortes (38.273) no mesmo período. Detalhe: temos 65 milhões de veículos.
 Cruzamento de dados feito pelo Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes (IPC-LFG) mostra que a relação é de 70,2 óbitos por 100 mil veículos no Brasil, ante uma proporção norte-americana de 14,5. Em números absolutos, o Brasil está atrás apenas de China e Índia. É o terceiro país mais violento do mundo, nessa área.
Tal comparação tende a ficar cada vez mais desfavorável ao Brasil, aponta o estudo do IPC-LFG. O número de mortes causadas por acidentes diminui ano a ano nos EUA. Em 2007, foram 41.259. No ano anterior, 42.708. Na China, esses índices também decaem ao longo da década. Graças, sobretudo, aos vultosos investimentos em novas estradas. E também por conta do endurecimento na fiscalização do uso do álcool ao volante, algo que ainda não surtiu o efeito esperado no Brasil.
Na contramão, a taxa brasileira de mortes no trânsito evolui ao ano, em média, 2,9% desde 2000. Saltaram de 28.995 em 2000 para 38.273 em 2008, explosão de 32%. Em ritmo mais acelerado, a frota nacional aumentou 143%, de 95 a 2010. Passou de 26 para 64 milhões, de acordo com o Denatran.
Levando-se em consideração a evolução das vendas de veículos, o cenário nacional tampouco anima. No primeiro semestre do ano passado assumimos o quarto lugar no ranking mundial de vendas (1,882 milhão), de acordo com estudo da consultoria internacional Roland Berger. Deixamos a Alemanha (1,859 milhão de negócios) para trás. O crescimento brasileiro não para desde 1999, quando o país estava na décima primeira posição da lista. Os Estados Unidos, por sua vez, líder absoluto até 2009, perdeu a posição para os chineses no ano passado.
*LFG – Jurista e cientista criminal. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Acompanhe meu Blog. Siga-me no Twitter. Encontre-me no Facebook.
** Assessor de imprensa do Instituto Luiz Flávio Gomes (IPC-LFG)


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