sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Educação distorcida.

Tenho feito muitas críticas ao programa Mais Você, da Rede Globo de Televisão, apresentado pela guerreira e simpática Ana Maria Braga. Entendo que o programa deve ser leve e não deve ser formatado como uma revista “televisiva”, ou ter cunho jornalístico, não é isso que procuro ao assisti-lo.
Mas, hoje, 26/08/2011, o programa mostrou uma reportagem que me revoltou muito, enquanto pai, cidadão, professor e advogado.
Trata-se de uma situação absurda ocorrida em Campo Grande, Mato Grosso do Sul.
Uma mãe descobriu que a filha (de apenas 12 anos) estava faltando na escola (cabulando aula como dizíamos em minha época escolar) para participar de um grupo denominado "Congresso do Bulimento".
Segundo a reportagem, normalmente às quintas-feiras e sextas-feiras, o tal grupo se reunia numa casa onde o objetivo era usar bebidas alcoólicas, consumir drogas e praticar atos sexuais, fazer sexo.
Ainda segundo a reportagem, as crianças tinham consciência da ilegalidade das bebidas e das drogas, mas não imaginavam que a prática sexual fosse de qualquer maneira crime ou ato punível, uma vez que elas mesmas (crianças) alegaram que tinham aulas dedicadas ao tema na escola e que o governo fornece camisinha para a prática de sexo seguro.
De tudo, me chama muito a atenção a justificativa inteligente e lógica das crianças. Alguns dirão que elas estão ou foram instruídas por adolescentes ou até adultos. Contudo não deixam de ter razão.
Se as escolas e os programas sociais, sem contar a televisão, a internet, o rádio e todos os meios de comunicação, fazem discursos para o uso e a prática de sexo de forma aberta e direta, não é ilógico impedir que a prática ocorra?
Alguns adolescentes, também segundo a reportagem, podem responder nos termos da lei em função de estarem praticando sexo com menores de 14 anos.
Meu Deus!
Até onde irá nossa inversão de valores?
Não estamos responsabilizando muito nossas crianças e pouco nossos adultos, ou seja, nós mesmos. A discussão de ser a escola a responsável ou os pais não é tão importante no meu modo de ver. Deveríamos cobrar de nós mesmos, todos nós. Os vizinhos não parecem ter denunciado e ainda entenderam normal a situação. Alguém vendeu as bebidas (porta de entrada para as drogas), e certamente outras pessoas presenciaram a venda e também nada fizeram. E pior de tudo, as crianças têm razão, a sociedade incentiva a prática de sexo e ainda fornece o “equipamento” necessário.
A inversão é tamanha que a mãe que denunciou e se horrorizou, tem medo de aparecer, sua voz e imagem são distorcidas pela televisão. Ela tem razão de temer, uma vez que até os Juízes são assassinados.
Não adianta toda essa discussão com a total ausência de atitude. Mais uma vez ouviremos que é preciso fazer leis mais duras.
NÃO HÁ LEI QUE SOLUCIONE.
A solução não vem da lei, pois esta só tem valor quando seus destinatários a cumprem, em sua maioria, a respeitam e a fazem valer acima de tudo.
Infelizmente, nós, brasileiros, não respeitamos nossas leis, nem jurídicas, muito menos as naturais, próprias da moral e do costume. Nosso costume parece ser desrespeitar a lei, então certamente este não é o caminho (fazer ou modificar leis).
Acho que nós devemos pensar primeiro e nossas próprias atitudes, e como vizinho de uma situação dessas, denunciar. A escola deveria informar os pais da ausência dos alunos, e os pais deveriam acompanhar os filhos com maior frenquência. E cada um de nós deveria denunciar o comerciante que vende uma bebida alcoólica bem na nossa frente a um menor (mas o pensamento do brasileiro é diferente: não sou o pai da criança e se eu fosse o comerciante faria o mesmo).
A minha maior indignação é que a apologia ao sexo e a bulinação é atual, está na internet, na televisão e em todos os locais de nossa sociedade, até nas conversas do jantar em família. Por essa razão, as crianças não podem ser responsabilizadas, eis que nós estamos cobrando delas exatamente o comportamento inverso dos temas que mais tratamos.
O sexo é tratado como assunto “despudorizado”, e a sociedade vem clamando que a lei é a solução social, imputando sobre os ombros de um grupo ou de uma pessoa, a responsabilidade de crimes, dos quais nós próprios somos culpados.
Vamos refletir!




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